sexta-feira, 10 de julho de 2009

Dar corpo ao pensamento...

Há já muitos anos que escrevo só para mim, poucas vezes no papel, mas muitas vezes na memória. Talvez para me esquecer dos devaneios da minha fatigada mente, ou simplesmente para não materializar a dor. Muitas vezes escrevo sem parar, o que me dá na gana, com sentido ou sem ele, só para ficar vazia de sentimentos, mas nunco fico. É inesgotável esta fonte que me queima todos os dias, a toda a hora. Que me esgota, que mata, todos os dias, um pouco da mulher que sou. Ou era... Vivo constantemente na sombra da minha memória. Da felicidade que tive, dos momentos que vivi, das experiências que me fizeram crescer, e da voz dos que já cá não estão. Vivo na sombra, que me atormenta, dos remorsos pelos actos irreflectidos e poupados, ( como se fosse caro fazer o bem ao alheio), e hoje já nada posso fazer. Já partiu quem eu queria compensar, não para aliviar a minha consciencia, mas para fazer feliz aqueles que eu tanto gostava e só tive consciencia disso, quando partiram. Ficam-me as memórias, mas com sabor amargo, com sabor a pouco. Fico de mãos vazias deles, mas cheias e pesadas de sentimentos que já não posso dar, já não posso retribuir. Não sei andar com este peso. E sufoco um pouco, todos os dias... Estou a dar corpo ao pensamento, talvez me alivie... Talvez me envenene...

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